sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

A Filosofia por Trás de Shingeki no Kyojin: Até Onde Vai o Ciclo do Ódio?


   Ao longo de Shingeki no Kyojin, uma das temáticas centrais que emerge é o ciclo do ódio. Isayama, o criador da obra, constrói uma narrativa em que o desejo por liberdade, a busca por vingança e as consequências do passado se entrelaçam, criando um ciclo aparentemente inquebrável de violência. Mas até onde essa espiral de destruição pode levar? Essa é a grande questão que a série propõe ao espectador, nos convidando a refletir sobre a natureza humana e nossas escolhas como sociedade.


Desde o início, somos apresentados a um mundo onde os humanos vivem aprisionados dentro de muralhas, aterrorizados por criaturas gigantescas chamadas Titãs. O ódio surge como uma resposta natural à opressão. Eren Yeager é o símbolo desse sentimento: sua raiva pela perda de sua mãe e pelo massacre de seu povo o impulsiona a lutar por liberdade. No entanto, com o passar do tempo, Eren se torna parte do mesmo ciclo que jurou destruir. Ele descobre que o verdadeiro inimigo não são os Titãs, mas um sistema muito maior, alimentado por séculos de dor e preconceito entre as nações de Paradis e Marley.


A dualidade entre vítima e agressor é um tema recorrente na obra. Os cidadãos de Paradis, antes vistos como vítimas, tornam-se, aos olhos de Marley, os vilões da história. Isso levanta uma questão importante: quem realmente é o inimigo? O ódio é passado de geração em geração, alimentado por histórias, mentiras e manipulações. Marley ensina suas crianças a temer e odiar os habitantes de Paradis. Por outro lado, Paradis luta contra o mundo externo sem entender completamente a origem desse conflito. Essa falta de diálogo e entendimento perpetua o ciclo.


Outro ponto importante está na figura de Eren e Zeke Yeager, dois irmãos com visões distintas sobre como quebrar esse ciclo. Zeke acredita que a única solução é a eutanásia dos eldianos, eliminando a possibilidade de futuros Titãs. Já Eren opta por um caminho de destruição total, usando o Retumbar como forma de garantir a sobrevivência de seu povo. Ambos, porém, caem nas mesmas armadilhas: suas ações são movidas pelo ódio, e não pela compreensão. A escolha de Eren, em particular, levanta uma reflexão profunda sobre liberdade. Até que ponto vale a pena lutar por liberdade se, no processo, você rouba a liberdade de outros?


Os personagens secundários também refletem esse ciclo. Mikasa luta contra seus próprios sentimentos, tentando proteger Eren, mesmo quando suas ações se tornam indefensáveis. Armin busca uma solução mais pacífica, mas enfrenta a dura realidade de que, às vezes, a violência parece ser a única resposta. Levi, por sua vez, carrega o peso de tantas perdas, mas nunca deixa de acreditar que é possível proteger aqueles que restam, mesmo em meio à guerra.


No final, Shingeki no Kyojin não nos dá respostas fáceis. O ciclo do ódio é mostrado como uma força destrutiva que consome tudo ao seu redor. No entanto, a série também sugere que quebrar esse ciclo é possível, mas exige sacrifícios e, principalmente, empatia. É preciso reconhecer a humanidade no outro, entender que todos, de alguma forma, são vítimas das circunstâncias e sistemas que os moldaram.


A grande mensagem de Shingeki no Kyojin é que o ciclo do ódio não é inevitável. Ele pode ser interrompido, mas apenas se as pessoas tiverem a coragem de olhar além de suas dores e mágoas, e escolher um caminho diferente. Afinal, o que realmente significa ser livre, se essa liberdade é construída sobre o sofrimento de outros? A resposta está nas escolhas de cada personagem e, em última análise, nas reflexões que a obra deixa para seus espectadores.



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